segunda-feira, 19 de abril de 2010

Assassinos por Natureza


Clássico absoluto dos anos 90, adorado por toda uma geração de amantes de filmes cult, violentos, nonsense, e, especialmente, que tenham o dedo mágico do mestre Quentin Tarantino. Esse é Natural Born Killers (no original, em inglês).

Reza a lenda que a película chegou a ser proibida nos E.U.A. por estar influenciando a juventude a cometer crimes inspirados nos do filme.

Especulações à parte, o fato é que aqueles que tiveram acesso à uma cópia em VHS, definitivamente não se arrependeram.

Dirigido por Oliver Stone, com roteiro do mestre Tarantino e trazendo Woody Harrelson, Juliette Lewis, Robert Downey Jr. e Tommy Lee Jones no elenco, o filme nos convida a conhecer a história de amor e balas do casal Mickey e Mallory Knox (Harrelson e Lewis, respectivamente) em sua saga de matanças pelas estradas do interior dos States.

Vindos de lares conturbados, onde a violência e o abuso sexual eram uma constante, os dois um dia se conhecem por acaso, quando Mickey vai entregar carne na casa de Mallory e iniciam um intenso caso de amor.

Preso por roubo de carro e tendo de ver sua amada apenas nas horas de visita da prisão, Mickey não pensa duas vezes diante de uma perigosa oportunidade de fuga. Vai até a casa dela e os dois matam brutalmente os pais da moça. As duas primeiras vítimas das dezenas que perderão a vida pelas mãos do casal.

O que acontece é que ao assistir ao filme, é impossível não se identificar e torcer pelos dois. Apesar de toda a brutalidade e sangue frio que eles apresentam, Stone nos mostra um lado místico, envolvente, sedutor e verdadeiro do ser humano através deles; fazendo com que o público sinta-se quase como os jovens que, influenciados pela mídia que os transformou em mito, idolatram o casal, na história.

O fato é que depois de muitas lojas de conveniência roubadas, balconistas e fregueses mortos, policiais irados pelos colegas de trabalho perdidos e noites passadas em hotéis baratos, Mickey e Mallory Knox são presos.

Um ano se passa e um repórter inescrupuloso, capaz de fazer de tudo por audiência, convence Knox, separado agora de sua metade, a dar uma entrevista ao vivo para a TV, um dia antes do mesmo ser mandado a um hospital psiquiátrico. Incitados pela influência do casal, os presos iniciam uma rebelião, deixando a prisão em meio ao caos; o que dá a chance a Mickey de resgatar sua amada e tentar fugir, levando a equipe de TV e alguns guardas como reféns.

O que se segue é uma eletrizante seqüência de tiros, emboscadas e palavrões proferidos , onde também podemos acompanhar o “despertar” de Wayne Gale (o repórter) para o mundo do casal Knox, depois dele experimentar a sensação de matar um guarda.

O que chama muito a atenção, agindo como um diferencial, entre tantos outros títulos do gênero, é a anarquia das cenas, ora coloridas, ora em preto e branco, ora em animação; além de todo um conjunto de elementos, às vezes até meio imperceptíveis – beirando o subliminar – inseridos ao longo do filme, dando todo um ar meio surreal; como na cena em que Mickey assiste TV em um quarto de hotel de beira de estrada, e, cada vez que ele troca de canal, as imagens mostradas na janela ao fundo mudam, como se esta fosse a televisão.


O final (que eu, evidentemente,não irei contar) é sensacional, um misto perfeito e belo de violência extrema e sensibilidade pura, que nos deixa com uma estranha sensação de encanto e culpa, depois de havermos torcido tanto por um casal de jovens que, no fundo, só buscavam a felicidade. Do jeito deles, é claro.

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